
O primeiro Fyre Festival prometia uma experiência de luxo em uma ilha paradisíaca, com shows de artistas renomados e infraestrutura exclusiva. Mas o que os participantes encontraram foi um cenário improvisado, com tendas inacabadas, comida precária e cancelamentos de artistas como blink-182 e Migos. A repercussão negativa foi global e resultou na condenação de McFarland por fraude, com pena de seis anos de prisão, dos quais ele cumpriu quatro.
Tentativa de retomada
Em 2023, Billy McFarland anunciou o retorno do festival, agora batizado de Fyre Festival 2, com a proposta de “reconstruir a confiança” do público. Segundo ele, a equipe vinha trabalhando nos últimos dois anos com foco em honestidade, transparência e esforço contínuo. A nova edição seria realizada no México, mas, mesmo com a venda de ingressos iniciada, nenhuma atração chegou a ser oficialmente confirmada.
Na semana passada, os compradores foram notificados sobre o adiamento indefinido do evento e começaram a receber reembolsos. O anúncio do cancelamento definitivo veio em seguida, junto com a informação de que a marca FYRE está à venda, incluindo seus direitos de propriedade intelectual, ativos digitais, presença em mídia e valor cultural acumulado.
Venda da marca FYRE
O site oficial do festival (fyre.mx) foi disponibilizado para interessados na compra da marca. O pacote inclui ativos tangíveis e simbólicos, como o domínio, redes sociais e os direitos sobre o nome FYRE. A ideia, segundo McFarland, é passar o comando para um grupo com experiência e estrutura para transformar o projeto em algo viável e duradouro.
“Essa marca é maior do que qualquer pessoa e merece uma equipe com escala, experiência e infraestrutura para realizar seu potencial”, afirmou.
Ele reforçou que continuará colaborando nos bastidores, mas não mais como figura central do projeto.
Desde seu surgimento, o Fyre Festival se consolidou como um caso emblemático da cultura digital, sendo tema de documentários, reportagens e discussões sobre marketing, responsabilidade e exageros na promoção de experiências. Mesmo com os problemas, McFarland acredita que a atenção gerada ainda tem valor para o mercado de entretenimento.
Perspectivas futuras

Mesmo após duas tentativas fracassadas de acontecer como festival físico, o Fyre Festival vai ganhar uma nova vida — agora como serviço de streaming musical. O documentarista Shawn Rech, conhecido por produções de true crime, adquiriu parte dos direitos da marca e planeja lançar uma plataforma de vídeo sob demanda focada em conteúdos de música pop e hip-hop, com estreia prevista para o Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos.
O serviço terá modelo híbrido, com assinatura mensal e opção gratuita com anúncios, além de um canal de áudio. A iniciativa inclui ainda a participação de McFarland. Para Rech, o objetivo é criar uma experiência autêntica de descoberta musical, aproveitando a força — ainda que controversa — da marca.
A possível venda da marca FYRE abre espaço para que outros operadores do setor assumam a liderança de um projeto com notoriedade internacional, apesar do histórico polêmico.
McFarland encerra sua participação afirmando que continuará comprometido com a restituição às vítimas da primeira edição e que a nova fase pode dar vida longa ao nome FYRE sob nova gestão.
Com isso, o festival que começou com promessas de luxo e se tornou um símbolo de desorganização tenta, mais uma vez, mudar de rumo — agora, apostando em outros líderes para conduzir o que ele define como “uma das marcas mais poderosas do entretenimento”.
